FACC/UFRJ, VIII Congresso Nacional de Administração e Contabilidade - AdCont 2017

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Cultura do Consumo, Violência Objetiva e o Processo de Socialização do Consumidor
Renata Couto de Azevedo de Oliveira

Última alteração: 2017-09-03

Resumo


A relação com o Outro é um tópico importante no campo da cultura de consumo. Embora essas relações estejam no cerne das abordagens que integram a Teoria da Cultura de Consumo (ARNOULD; THOMPSON, 2005; SLATER, 2002), elas também são negligenciadas em situações em que o Outro é excluído do mercado (ECKSTRÖM; HJORT, 2009; HILL, 2002), desrespeitado (BOUCHET, 2015) ou simplesmente desumanizado (HILL; MARTIN, 2014). O mercado, à sua maneira, constrói formas novas e não escritas de distinção, que podem ser comparadas ao capital social e ao seu habitus correspondente, como, por exemplo, nos conceitos de Bourdieu (1984). Narrativas e discursos relacionados ao consumo - e seu habitus correspondente - gradualmente criam formas de vida que definem pessoas como insiders ou outsiders. Os outsiders são os excluídos desse sistema. Propomos que a exclusão desses outsiders configura-se como um exemplo de violência que é naturalizada pela cultura do consumo. Estabelece-se assim o que chamamos de plateau de indiferença, um nível de violência abaixo do qual qualquer ato torna-se invisível ou dissimulado por um véu de naturalização. Violência objetiva (ŽIŽEK, 2014) é uma violência naturalizada, ou seja, uam forma de violência que é racionalizada como algo que “faz parte” do nosso cotidiano, algo inevitável (uma crueldade sem face, segundo BALIBAR, 2002). Acreditamos que uma das consequências dessa naturalização é a produção da subjetividade do consumidor, através do processo de socialização do consumidor (e.g. WARD, 1974, MOCHIS, 2007), alheia à violência.

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