O presente ensaio teórico apresenta uma argumentação favorável ao desenvolvimento de estudos que procurem compreender os desdobramentos que a aproximação dos modelos dominantes da área de estratégia vêem produzindo após a implementação na administração pública brasileira. Com o avanço da agenda de Reforma do Estado nos últimos 15 anos, governos começaram a buscar alternativas de gestão mediante a incorporação de modelos dominantes na área de estratégia. Enquanto alguns autores de administração pública argumentaram favoravelmente à adaptação de modelos gerenciais privados para o âmbito público, outros reconheceram a existência de entraves na adaptação a contextos específicos. Dentro deste cenário, resgata-se um debate que ora reconhece, ora ignora as distinções latentes entre administração pública e estratégias empresariais. Os autores utilizam o contexto de implantação do Balanced Scorecard (BSC) no Poder Judiciário, no qual lançou-se mão de uma metodologia que reconhecidamente é proveniente do setor privado mediante adequações, visando justificar a adoção de uma perspectiva teórica que supere a clássica separação entre formulação e implementação. Certamente, a aproximação da área de estratégia à gestão no Poder do Judiciário apresentará limitações e implicações que devem ser reconhecidas por acadêmicos e praticantes. Isto deve-se ao reconhecimento de que a implantação de ferramentas da estratégia empresarial, mesmo diante de adequações ao contexto judiciário, não está livre de reproduzir problemas originários da área.