Última alteração: 2020-09-23
Resumo
Novas formas de controle operacional têm sido implementadas no setor de transportes coletivos nos últimos anos. Os recursos tecnológicos, especialmente as tecnologias de informação e comunicação, possibilitam o monitoramento das frotas e do trabalho executado pelos condutores de veículos. Tal controle é, sob a perspectiva empresarial, necessário tanto para a oferta de um serviço de qualidade quanto para a competitividade, tendo em vista o crescimento dos transportes alternativos e os desafios enfrentados quanto à mobilidade urbana. Os motoristas, que representam a empresa nas ruas e enfrentam diariamente o trânsito das cidades estão sob vigilância constante. Sendo assim, este estudo teve por finalidade verificar como o controle constante das atividades do trabalhador do setor de transportes coletivos, via vigilância eletrônica, afeta o seu comportamento e o seu desempenho individual, a partir das suas percepções. Foi realizada uma pesquisa de campo, na qual foram entrevistados quinze motoristas e três gestores, tendo como instrumento de coleta de dados um roteiro de entrevista semiestruturada. Concluiu-se que o controle constante tem reduzido as atitudes e comportamentos considerados inadequados e, apesar de ser vantajoso para as empresas, auxiliar nas atividades operacionais e em situações de conflito, o motorista tem sido mais pressionado, e isto contribui para o aumento do estresse. A empresa, com seu olhar onisciente, fiscaliza à distância e a qualquer hora, exigindo do trabalhador obediência, submissão, passividade, parcimônia, resignação e paciência, em uma atividade cercada de elementos estressores.