Baseada na economia política da contabilidade e utilizando a Análise Narrativa, esta pesquisa tem o objetivo de identificar nos relatórios corporativos de um dos maiores bancos privados do Brasil como foi construída a narrativa de apoio a reforma trabalhista aprovada em 2017. A narrativa foi construída a partir dos relatórios corporativos na perspectiva do banco, contraposta pela perspectiva da classe trabalhadora obtida por meio de reportagens sindicais, do período entre 2014 e 2017. A Análise Narrativa demonstra que diferentes perspectivas acerca dos mesmos eventos podem retratar diferentes histórias, contadas de maneira unilateral e limitada, representando interesses particulares. Na visão do banco a reforma representa uma alteração no equilíbrio inicial, considerada necessária e benéfica, já visão da classe trabalhadora demonstra o aumento da precarização das condições de trabalho imposta pela reforma. A pesquisa demonstra o potencial da Análise Narrativa, por meio da intertextualidade, para a pesquisa contábil. Embora os relatórios corporativos publicamente disponíveis não possuam a aspirada neutralidade, ainda assim são úteis para a compreensão de eventos, desde que adotada postura crítica, assumindo que os mesmos foram elaborados para e no interesse das corporações, portanto, há espaço para a contraposição dessa perspectiva por outros atores sociais no âmbito do capitalismo financeiro.