Última alteração: 2019-11-07
Resumo
O presente estudo apresentou como objetivo a averiguação da relação entre a suavização de resultados e a persistência dos lucros reportados pelas empresas situadas no mercado de capitais brasileiro. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa descritiva e quantitativa em que foram analisadas 263 companhias abertas brasileiras listadas na B3 que possuíam séries contínuas de, no mínimo, 20 lucros trimestrais no período de 2010 a 2017. Para realizar a comparação da persistência dos resultados contábeis das empresas levando-se em consideração a suavização de resultados, procedeu-se ao teste de Mann-Whitney e ao teste de Kruskal-Wallis. O modelo univariado e autorregressivo, que utiliza como proxy o EBIT, apresentado por Dechow et al. (2010) foi utilizado para a análise da persistência dos lucros e, para a suavização de resultados, foi utilizado o modelo dos coeficientes de variação proposto por Eckel (1981) que considera o lucro e as vendas. Os resultados evidenciaram uma notável persistência de lucros inferior àquela encontrada em estudos anteriores aplicados a companhias norte-americanas listadas em bolsa de valores, porém consistentes com a literatura brasileira. Ainda, observou-se que a métrica de a persistência dos lucros, utilizada como proxy para qualidade dos lucros, não apresentou associação estatisticamente significativa com o coeficiente de Eckel, variável destinada a captar a suavização de resultados. Dessa maneira, conclui-se que os lucros mais persistentes das empresas componentes da amostra não foram fruto de um comportamento oportunístico, onde os gestores buscariam manter os resultados suaves para reduzir a percepção de variabilidade e risco por parte dos investidores.