Esse artigo busca compreender as relações existentes entre o movimento de empoderamento de mulheres pretas através da estética de seus cabelos e a percepção dessas mesmas mulheres acerca da recente expansão do mercado capilar para linhas de produtos específicas para seus tipos de fios. Para tal, faz um resgate das marcas da escravidão nos corpos das descendentes dos escravizados, assim como o caminhar que diversos movimentos travaram para a construção de uma valorização dos traços e fenótipos das mulheres frutos da diáspora. Em seguida, serão aprofundadas questões que permeiam o processo de empoderamento específico através da estética, suas ligações intrínsecas com os movimentos sociais que colocam mulheres pretas como protagonistas e como ele se traduz no corpo, principalmente no cabelo. Após, para estabelecimento da base da discussão sobre o mercado de produtos capilares, serão expostos pontos relevantes acerca do papel do consumo como ferramenta de inclusão social. A metodologia é quantitativa e compreendeu a aplicação de um questionário online que obteve 2872 respostas e foi analisado por meio de estatística descritiva com auxílio da ferramenta Google Forms. Por fim, através da análise das respostas do instrumento de pesquisa foi possível estabelecer relações entre as mudanças percebidas por mulheres pretas no mercado e o movimento de empoderamento. Entre os resultados identificou-se uma insegurança das mulheres pretas em relação ao cabelo e o peso que as mesmas dão para o cabelo como fator importante para o empoderamento, refletindo uma busca de uma identidade; essas mulheres são favoráveis ao posicionamento político das marcas, entendendo que as construções de movimentos sociais como o feminismo negro e o mulherismo africana contribuem para elas; e têm maior facilidade de encontrar produtos para os seus cabelos hoje do que no passado, indicando a mudança realizada também pelo mercado.

Palavras-Chave: Mulher preta; Empoderamento pela estética; Marketing; Mercado capilar; Cabelos crespos.