Neste trabalho, analisamos as acumulações discricionárias de accruals, através do teste estatístico de T de Welch para amostras independentes. Utilizamos uma amostra de 53 empresas brasileiras de capital aberto listadas no segmento do novo mercado, no período de 2018 a 2021, com um total de 212 observações por empresa por ano. Os resultados indicam que a presença de mudanças de estimativa contábil em determinado período incorre em medidas de acumulações discricionárias heterogêneas em comparação com períodos em que não houve mudança de estimativa contábil. No entanto, nas empresas que compõem a amostra, não foram observadas acumulações de accruals discricionários sistematicamente distintas entre os exercícios contábeis durante a pandemia do COVID-19 (anos 2020 e 2021), em comparação com os demais exercícios contábeis (2018 e 2019). Com isso, o principal resultado deste trabalho é que, nas empresas que compõem a amostra, durante os exercícios contábeis fiscais de 2018 até 2021, tais empresas apresentam acumulações discricionárias sistematicamente diferentes no período em que ocorreu a implementação das mudanças de estimativas contábeis, em comparação com períodos em que não houve mudanças de estimativas contábeis. Este resultado permite inferir que o impacto prospectivo que as mudanças de estimativas contábeis causam nos resultados, de forma positiva ou negativa, pode interferir na parcela de accruals discricionários, implicando em diferenças sistemáticas nos accruals em um regime de competência contábil, durante os exercícios contábeis em que ocorreram a implementação de mudanças de estimativas contábeis.